quinta-feira, 15 de agosto de 2013

cubo 3d

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sábado, 31 de dezembro de 2011

sábado, 1 de outubro de 2011

raio x rdc brasil




8ª bienal do mercosul

Eugenio Dittborn

José Roca, curador

Uma das mostras centrais da 8ª Bienal do Mercosul é a exposição do chileno Eugenio Dittborn (Santiago do Chile, 1943), artista de referência na América Latina. A obra de Dittborn baseou-se na transterritorialidade, no nomadismo e nas estratégias para subverter as fronteiras e penetrar os centros sem se deixar neutralizar por eles. Dittborn trabalha desde 1983 em suas Pinturas Aeropostais, obras que são dobradas para serem enviadas em um envelope postal. Cada envelope possui inscrito o itinerário da viagem, as cidades para onde a obra foi enviada e os lugares em que foi exposta e é exibido ao lado da pintura aeropostal desdobrada, já que isso é a sua condição de possibilidade.

Pode-se abordar o trabalho de Dittborn desde pelo menos três pontos de vista: estratégico, material e iconográfico.

A estratégia das Pinturas Aeropostais reside no fato destas viajarem como cartas e se desdobrarem como pinturas em seu destino. Mas não permanecem ali: uma pintura aeropostal sempre está de passagem. É por isso que Dittborn fala que a aeropostalidade de suas pinturas reside nas dobras. Elas que são sua possibilidade e também a testemunha da operação artística que teve lugar. As outras testemunhas da viagem são os envelopes, realizados em cartão e especialmente acondicionados para conter as pinturas dobradas, levam e trazem, em cada caso, além dos dados do destino, uma série de textos alusivos à pintura que contém. A exibição dos envelopes provê informações das viagens, tal qual bússolas, assim como algumas chaves textuais para a interpretação da pintura que contêm.

O segundo ponto de abordagem é a matéria. As primeiras Pinturas Aeropostais tinham como suporte o papel kraft, ou papel de embalagem, mas, a partir de 1986, Dittborn começou a usar entretela sintética não tecida, um material entre papel e tecido. Em meados dos anos 1990, Dittborn passou a empregar loneta, conhecida comercialmente como duck fabric, material que utiliza até hoje. As técnicas utilizadas variam segundo cada obra, mas, no geral, pode-se dizer que se resumem aos seguintes procedimentos: tingir, alinhavar, costurar, bordar, imprimir, desenhar, enxertar e dobrar. As pinturas nas obras de Dittborn são tingimentos, derramados com o suporte disposto de maneira horizontal, deixando que o líquido pigmentado se estenda e embeba, impregne e penetre os suportes, estabelecendo manchas de cor que se espalham nas fibras do têxtil por absorção. Nesse campo pictórico se distribuem os diferentes elementos iconográficos, impressos diretamente sobre a tela ou outro material (usualmente telas muito finas de algodão ou cetim), que logo são recortados e alinhavados com linha à obra.

A iconografia usada por Dittborn é muito variada, mas, no geral, visita certos temas: o acidente de viagem e a interrupção do trajeto – o naufrágio, a catástrofe aérea; o envoltório como veículo de transição entre dois territórios – o envelope, o berço, a mortalha; o rosto humano; os manuais escolares de desenho; a publicidade arcaica; as caricaturas e outras formas de desenho (o de crianças ou esquizofrênicos), nos quais não haja uma plena consciência e o desenho seja feito quase que de maneira involuntária; as gravuras históricas, a notícia jornalística, a matéria policial; a imagem de pintores posando como pintores. Os elementos citados anteriormente se combinam de diversas formas. Como se tratassem de letras, sílabas ou palavras, Dittborn reutiliza esses elementos como abreviaturas hieroglíficas ou ideogramas de interpretação variável. Entre as características formais da operação combinatória estão a fragmentação, a repetição, o diálogo entre elementos similares e a tensão entre elementos dissímeis.

Esta mostra abre em Porto Alegre durante a semana de inauguração da Bienal; uma semana depois, uma das Pinturas Aeropostais será enviada, junto com um ativador pedagógico e um material didático, a três centros culturais em outras cidades do Rio Grande do Sul, ressaltando o caráter literalmente viageiro da obra de Dittborn e a afirmação de que a experiência de uma pintura aeropostal é “ver entre duas viagens”. Dittborn viajou às cidades de Pelotas, Caxias do Sul e Bagé e integrou em uma nova obra textos e imagens destinadas a cada um desses lugares. Essa nova obra se desmembrará em três partes, que viajarão respectivamente aos lugares que inspiraram sua composição iconográfica.

8ª bienal do mercosul

Casa M

Fernanda Albuquerque, curadora assistente

Espaço de encontro, debate, estudo, apresentações artísticas, troca e experimentação, a Casa M integra o projeto da 8a Bienal e estende a ação da mostra no tempo: entra em funcionamento antes das clássicas exposições no Cais, Margs e Santander – e de outras atrações em Porto Alegre e Rio Grande do Sul – e segue em atividade até o final de 2011, ampliando os canais de diálogo com a comunidade e contribuindo para fomentar a cena artística local. Está localizada num antigo sobrado, no centro da capital gaúcha, em uma área residencial há poucas quadras do Cais do Porto.

De vocação interdisciplinar, a Casa M não se restringe a um espaço expositivo. Está aberta a diferentes linguagens, promovendo performances, sessões de vídeo, pocket shows, contação de histórias, oficinas, cursos e conversas que mesclam artes visuais, literatura, cinema, música, dança e teatro, entre outras expressões e áreas do conhecimento. Dentre os ambientes, uma área de convivência (com café passado, chá, água e wi-fi), um ateliê coletivo (para cursos e oficinas e também para os artistas que integram a programação da morada), um espaço para projeções e uma sala de leitura que disponibiliza ao público o acervo de livros e revistas do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal (NDP), além de uma seleção de publicações sobre os temas e artistas que compõem a 8a edição.

As exposições, que acontecem a cada mês, estão concentradas na vitrine da casa – que funcionou como uma chapelaria no início do século passado e foi a residência da artista e educadora Christina Balbão. É nesse espaço voltado pra rua, de pouco mais de 1 m², que os artistas Tiago Giora, Rogério Severo, Viviane Pasqual, Helene Sacco, Rommulo Conceição, Glaucis de Morais e João Genaro expõem projetos específicos para o contexto da morada. Além deles, três artistas apresentam trabalhos pensados para diferentes ambientes: Daniel Acosta (sala de leitura), Fernando Limberger (pátio) e Vitor Cesar (entrada).

As ideias de conviver com a comunidade e de habitar de fato o espaço permeiam as diferentes ações. Estão presentes nos projetos desenvolvidos para a Vitrine; no modo como as obras permanentes confundem-se com a arquitetura e usos da morada; no Chá da Casa e outras atividades voltadas aos vizinhos; no Programa de Residências, que convida quatro curadores a passar uma semana em Porto Alegre, visitando ateliês e ativando a programação; no projeto Duetos, que reúne doze artistas de diferentes linguagens para utilizar a casa como local de investigação, oferecendo oficinas e desenvolvendo projetos em colaboração; nos Combos, em que três profissionais de distintos campos compartilham com o público trabalhos em desenvolvimento; e nas conversas, debates e workshops em torno dos temas da 8a Bienal, que permitem criar uma comunidade em torno da mostra.

A programação do espaço é elaborada pelas equipes curatorial e de programação com o apoio de um conselho formado por Alexandre Santos, Camila Gonzatto, Gabriela Motta, Jezebel de Carli, Leo Felipe e Neiva Bohns.

Artistas

8ª bienel do mercosul

Além Fronteiras

Aracy Amaral, curadora convidada

Sendo a territorialidade o tema desta 8ª Bienal do Mercosul, três rotas dentro do espaço do Rio Grande do Sul, a nosso ver, propiciam visões diferenciadas. A ideia seria de que delimitações políticas entre nações, no caso do Brasil e de seus vizinhos, nem sempre correspondem a uma autonomia cultural encerrada dentro desses limites. O Estado hospeda de maneira exemplar duas realidades político-culturais análogas: a região dos pampas e a das missões.

Percorrendo os pampas – rio-grandense, uruguaio ou argentino –, percebe-se com clareza que se trata da mesma realidade, independente do nome que o país assume em cada rincão. Sobretudo a partir da paisagem, a planura a perder de vista, com suas ondulações suaves, coxilhas, céu amplo, o gado como cultura e base da economia, o comportamento do homem do campo nessa região.

Exemplo similar é oferecido pelos territórios que retêm um clima peculiar por seu passado, que no período colonial foi o das missões jesuíticas; ou pelo maravilhamento da região dos canyons do Rio Grande do Sul, ímpar pela beleza que emudece o visitante.

Ao pensar nesses territórios Além Fronteiras, nos indagamos: não seriam os limites político-geográficos senão artifícios criados pelo homem para reafirmar um idioma, plantar uma bandeira, desenhar um escudo, compor um hino, estabelecer uma forma de governo e exigir documentação para se cruzar uma fronteira por ele mesmo demarcada?

Percorrendo quilômetros de estradas e cidades do território do múltiplo e belo Rio Grande do Sul, percebemos a relatividade do termo “fronteira” ou “limite” no sentido de circunscrição que usualmente o termo abarca.

Foram convidados nove artistas, quatro do Rio Grande do Sul (Lucia Koch, Carlos Vergara, Marina Camargo e Carlos Pasquetti), um de Belo Horizonte (Cao Guimarães), um de São Paulo (Felipe Cohen), uma da Argentina (Irene Kopelman), um da Colômbia (José Alejandro Restrepo) e um de Israel (Gal Weinstein), deliberadamente de gerações bem distintas, para conferir, através de seus trabalhos, as leituras sensíveis da realidade cultural e paisagística do Rio Grande do Sul.

Assim, a exposição será uma conversação entre a produção contemporânea dos artistas convidados e, como contraponto, no mesmo espaço do MARGS, a presença de obras/documentos de outros momentos/tempos.

Artistas

8 ª bienal do mercosul

Público pode participar de performance da 8ª Bienal do Mercosul na Redenção

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Nos próximos domingos, dias 02 e 09 de outubro, o público poderá participar de uma performance promovida por artistas da 8ª Bienal do Mercosul, que está acontecendo em Porto Alegre. A performance intitulada O discurso dos cisnes (The Speech of the swans), criada especialmente para a mostra pela dupla norte-americana Jon Rubin e Dawn Weleski, coloca em cena dois atores de Porto Alegre, Rodrigo Marques e Rodrigo Shalako, como os presidentes Hugo Chávez e Barack Obama. A dupla oferece passeios gratuitos de pedalinho no lago do Parque da Redenção, onde aproveitam para conversar com o público a respeito de política internacional e coletar ideias e opiniões sobre os dois presidentes. As conversas durante o passeio com os participantes são gravadas e se transformam em discursos em primeira pessoa, representados pelos atores no final da tarde, em plataformas localizadas no centro do lago, com duração de uma hora. Os passeios ocorrem nos dias 02 e 09 de outubro, das 11h às 13h e das 14h às 16h. A partir das 16h, iniciam os discursos dos presidentes. A entrada é franca.

A prática artística de Jon Rubin e Dawn Weleski está fortemente ligada ao contexto em que estão inseridos e emprega estratégias de participação para envolver-se com a comunidade, ativando discussões e gerando conhecimento. The speech of the swans [O discurso dos cisnes] (2011) é um projeto de participação, desenhado especificamente para Porto Alegre e que conjuga características performáticas e políticas, utilidade e ócio, realidade e ficção, com o fim de explorar as formas como líderes políticos e mandatários são capazes de encarnar ideologias e criar, inclusive, mitologias em torno de suas figuras.

Serviço

Performance O discurso dos cisnes - lago do Parque da Redenção

Apresentações: dias 02 e 09 de outubro

marco maragato